sexta-feira, 3 de outubro de 2008

CRISTAIS (O sonho de uma realidade ou a realidade de um sonho) - 2º CAPÍTULO

Despediram-se com promessas de dias e noites inesquecíveis, ele desejou-lhe boa viagem, ela agradeceu, desligou o telefone e foi sentar no mesmo lugar, tentou concentrar-se na leitura, mas o barulho que penetrou pela sala vip não o permitiu, olhou na direção do grupo de jovens que faziam algazarras, um grupo de adolescentes, jogadores de basquetebol, que disputariam no Rio, o campeonato, não se lembrava de qual, mas já os tinha visto no jornal, que bom, pelo menos a viagem seria divertida, seus olhos encontraram os olhos do treinador da equipe, olhos azuis, esboçou um sorriso e voltou à leitura.
- Senhores passageiros, favor embarcar pelo portão 9, vôo para o Rio de Janeiro, boa viagem.
Niza estranhou a maneira como a voz anunciou a chamada, geralmente é anunciado o número do jato, o horário e destino do vôo, depois o portão, a chamada estava incompleta, mas ela achou que poderia ser esquecimento da moça do aeroporto, estas coisas acontecem para as melhores pessoas. Apanhou sua bolsa e bagagem de mão e caminhou rumo ao portão 9, incrível, a equipe de basquete, não parava de se movimentar animadamente, passou por ela rumo à alfândega, nada a declarar, apenas um vidro de acetona na bolsa, talvez o guarda nem notasse e deixasse passar, também com tantos seqüestros, é bem provável que a revista seria rigorosa; que nada, a equipe de basquete com bolas na mão, homens e mulheres, com caras de bandidos, alguns com pacotes de jornais e revistas debaixo do braço, meu Senhor Jesus, e se as bolas estivessem cheias de cocaína e no meio dos jornais e revistas tivessem bombas? Seu coração bateu mais acelerado, mas...
- Devo estar ficando biruta – pensou - sempre viajo e nunca aconteceu nada, por que este pessimismo hoje?
No corredor que leva para dentro do avião foi uma algazarra só, a equipe de basquete, animada como sempre, passou por ela apressada, ela caminhava lentamente, não por medo, não tinha medo, apenas não queria ser a primeira a entrar no “monstro”, que dentro de poucos minutos iria decolar e levá-la para os braços de Fernando. Fernando – pensou – bronzeado pelo sol das praias, corpo atlético, braços fortes que a envolvia num abraço apertado fazendo-a pensar que não sairia mais dali, boca de dar loucura, seus beijos faziam-na voar às portas do paraíso, suas noites com ele eram delírios só.
- Por favor, coloquem o cinto - a voz da aeromoça -tirou-a destes pensamentos, só então Niza percebeu que já estava sentada em sua poltrona, olhou pela janela, ajeitou o cinto de segurança e sentiu uma sensação de alívio. A poltrona ao seu lado continuava vazia, os passageiros guardavam suas bagagens, sentavam-se, quem seria seu companheiro de viagem? Neste momento viu parado ao lado da poltrona vazia, o treinador da equipe de basquete, sorriu para ele e para si mesma, que prazer esta viagem estava reservando-lhe? Concentrou seu olhar na paisagem lá fora. Graças a Deus a viagem será curta e dentro de poucos minutos, dentro de pouco tempo sentiria os lábios de Fernando nos seus, sentiu um arrepio de emoção, olhou para o moço ao lado e sentiu que ele estava suando.
Medo? Talvez, pois ela também sentia um pouco de medo antes da viagem começar.
(Acompanhe aqui o romance
Cristais (O sonho de uma realidade ou a realidade de um sonho)
que publiquei em 2005)

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