ASSIM

“O que eu queria dizer
é exatamente o que
eu não consegui ouvir,
o que eu não precisei falar
e o que eu não quis reviver.
Dizer que te amo é
redundante
repetitivo,
dolorido.
Dói, machuca, mas eu
prefiro que seja assim.
Nós dois jamais daríamos
certo,
nunca estivemos pertos,
você e eu.
Assim!”

Assim!

Assim começou uma linda história de amizade.

O amor às vezes tem caminhos diferentes.

Quem me escreveu este bilhete acima, hoje é casado e pai de três filhos lindos, e eu, coitada... coitada de mim, fui descobrir em meu caderno a declaração acima 15 anos depois, ao arrumar uma gaveta, para jogar fora um pouco do "passado vivido”.
Fiquei com o caderno na mão, aberto na folha do bilhete, a meditar, “será que a minha vida poderia ter sido diferente, se o tivesse encontrado antes?”
Hoje! Justo hoje!
Acho que não. Deus fez tudo certo e eu não reclamo da vida que levo, sou feliz assim, sozinha.
Sozinha!

Esta foi a minha escolha, ou a minha opção de solidão, mas o coração sentiu um grande alivio por descobrir que alguém me amou um dia, no passado, ou pelo menos, sentiu amor por mim.
Só uma pergunta: Por que ele não me disse pessoalmente? Por que sentiu medo em se declarar?
Hoje somos amigos.

Olho para ele e me sinto recompensada, nos seus olhos vejo e sinto somente o sentimento de amizade, e ele jamais vai saber que li o seu bilhete e que hoje eu o amo... em segredo.

Texto e Desenho: Vandenilza Caldonazzo