domingo, 31 de janeiro de 2010

JOÃO E VILMA DAS MOSCAS

Ela chegou em casa super cansada de mais um dia de trabalho. João estava estendido no sofá só de sunga, um copo com cerveja pela metade em cima de mesinha de centro, moscas embriagadas que voavam de encontro à vidraça da janela fechada. Vilma nem parou para olhar direito o seu “caso”, correu para o banheiro, tirou toda a roupa e se enfiou debaixo do chuveiro quente para relaxar a tensão do dia cheio – “se João, hoje quiser fazer amor, não vai dar, tenho outro compromisso – pensou”. Tomou seu banho em silêncio para não acordá-lo da cerveja, vestiu seu pijama e se atirou na cama já com os olhos fechados – “vou descansar um pouco, depois chamo o João para tomar um banho e sairmos pela noite”.
Dormiu feito um anjo de asas tortas, viajou pelo espaço de seus sonhos e voltou para a realidade dura... acordou.
Olhou para o relógio, este marcava 00h:45m; pulou da cama e foi até a sala para acordar João, ele estava no mesmo lugar, deitado na mesma posição, só não se via mais as moscas bêbadas, estas deviam ter achado o caminho de suas casas e estavam dormindo, se não foram atropeladas pelo caminho por pirilampos noturnos.
Chamou João várias vezes, este nem se mexeu, foi até ele e gritou seu nome com se estivesse à km de distância, nada, João nem se abalou, estava “viajando na maionese”, ou melhor, nas cervejas pagas por ela.
Correu para o quarto e começou a vestir-se, o seu melhor vestido, a sandália nova e começou a fazer aquela maquiagem que deixa os homens loucos por um beijo cheio de batom, vermelho rosado, se João não gostasse que fosse reclamar com o Bispo, pois ela estava se arrumando para ter um final, aliás, um começo de noite muito feliz, no salão do forró que devia estar começando naquela hora.
Terminou de se produzir, afastou do grande espelho de seu quarto e olhou-se por inteira, linda, estava linda para os olhos de todos. Lembrou-se de João, chegou até a porta e olhou, ele estava do mesmo jeito, na mesma posição, somente um de seus braços havia mudado e, agora sua mão segurava seu saco. Gritou novamente o nome dele e foi rumo à cozinha para tomar um pouco de água.
João viajava em seu sonho de playboy barato que corria atrás de uma madame que nem olhava para ele, viu-se de terno escuro, gravata borboleta e todo cheio de gel para deixar os cabelos nos seus devidos lugares. No mesmo instante foi transportado, para uma imensa sala, toda espelhada e lá estava ela, a madame, olhava para ele e o chamava fazendo biquinho e lançando beijinhos no ar em direção a ele. Enlouqueceu, correu em direção a ela e a alcançou no começo da escada, tomo-a nos braços e subiu rumo ao quarto, foi beijando onde queria, apertando seu corpo de encontro ao dele, pensando nas loucuras que fariam quando chegassem à cama. Ela somente ria e não dizia nada. João se sentiu no céu, e ela era o anjo bom da realidade sonhada de um caboclo que saiu lá do norte e veio fincar pé no Rio de Janeiro, na beira do morro e viver às custas de Vilma, uma morena linda que trabalhava o dia inteiro, mas gostava de forró nos finais de semana.
Vilma? Onde estaria ela agora se ele estava com a madame? Será que já tinha chegado do serviço? Que merda! No meio de uma transa legal, ele tinha de lembrar de Vilma, tinha? Procurou não pensar mais e se concentrou em beijar o pescoço daquela madame que estava ali, bem debaixo dele, que gemia e requebrava feito uma odalisca em pleno gozo nos haréns dos reis árabes, bem no meio do deserto.
O que é isto? Estaria ficando louco? Será que foi a bebedeira com o Armando antes da Vilma chegar do serviço? Mas onde estaria o Armando? Deixou de pensar e se concentrou nos beijos que já descia pela barriga da madame, visando outros lugares que a levaria a loucura, e queria que ela gozasse com ele do mesmo orgasmo.
Vilma tomou o copo de água e foi para a sala fazer João ficar em pé, tomar banho, vestir-se e ir com ela para o forró, chegou perto e viu que ele se contorcia todo, gemendo feito um doido e beijando alguma coisa invisível que estava bem no meio do sofá. Ficou assustada com tamanho espasmo de seu “caso” que recuou, o que estaria acontecendo, será que João estava ficando louco, aquilo não pode ser um sonho, pois nos sonhos, os nossos desejos são escondidos dos olhos dos acordados. Não?!!! João estava é traindo-a com alguém que ele chamava de madame.
Vilma nem ligou para João, ela só queria acordá-lo para ir ao seu forró, ela gritava, mas João não acordava, Vilma teve uma idéia, pegou uma garrafa de cerveja que estava perto, vazia, e colocou perto do nariz de João, que acordou decepcionado pela garrafa estar vazia, e mais decepcionado ainda com Vilma, que interrompeu sua sonhada masturbação.
E João perguntou para Vilma: - Por que você me acordou muié? E ela toda produzida e impaciente respondeu: - Cale a boca e vai tomar banho para irmos ao forró.
João então nervoso foi para o banheiro tomar banho, ao ligar o chuveiro sentiu a água quente em sua costa, e lembrou do calor de sua madame, pois não demorou muito para fazer um ato sexual com suas mãos. João estava gemendo muito e alto, Vilma escutando aquela sinfonia foi ao banheiro perguntar se estava tudo bem, ao chegar no banheiro viu que João estava com a mão no saco de novo e falou: - Está dormindo de novo seu vagabundo? Vilma irritada com a demora fechou o chuveiro pegou João e o enxugou, e com muito sacrifício colocou a roupa em João.
Chegando ao forró eles viram que não tinha quase ninguém, só alguns bêbados caído no chão e algumas mulheres fim de festa, que eram tão feias que nem bêbados queriam elas.
Vilma ficou triste por seu forró ter ido por água abaixo, e colocou toda a culpa em João, que não estava nem ai. Mas para converter a situação João convidou Vilma para ir a uma boate que é a mais badalada da cidade.
Vilma que não tinha outra opção aceitou, chegando na boate, Vilma ficou admirada pelo lugar, mas sua admiração acabou quando viu jovens bebendo e usando drogas, enquanto isso João ficou todo empolgado por avistar uma mulher que estava do outro lado do salão, no meio daquela multidão deu um jeito de escapar de Vilma e foi ao encontro da mulher dos seus sonhos, chegando perto dessa mulher João sentiu sua cueca revirando e disse: - Posso conhecer a madame? E logo vê que é a madame de seus sonhos, ele não perde seu tempo e logo joga um “xaveco paioso”: - Eu não sabia que boneca andava, (ele olha para a mão dela) que bebia e que fumava, você quer dançar? A madame o olhou dos pés a cabeça e falou: - Já que não tem coisa melhor, eu aceito. Na dança, João não parava de passar a mão nas nádegas da madame, lembrando do sonho que teve com ela, e logo a convidou para ir ao motel, ela nem pensou duas vezes, aceitou logo de cara.
João esqueceu a pobre Vilma e foi para o motel com a madame, chegando no motel João foi tirando a roupa e depois a roupa dela e fazendo igual o seu sonho, começaram a bambear o corinho, estava muito bom e quando João estava quase masturbando, a madame abriu a boca e disse: - Você é um homem de sorte, eu só cobro mil reais a noite; João que é muito calmo saiu correndo desesperado e até esqueceu suas roupas.
Chegando em casa pelado, ele pulou a janela da sala que estava aberta e se deparou com Vilma que estava esperando sentada no sofá, ele nem esperou Vilma perguntar alguma coisa foi logo dizendo: - Você não viu aqueles caras me agarrando e me levando para fora da boate? Vilma responde que não, e João continuou falando: - Eles me roubaram tudo até a cueca, e me disseram que iam me matar, mas eu consegui fugir. Apesar da estória ser muito absurda, Vilma acreditou; porque ela era muito ingênua.
Vilma olhou para o relógio e viu que já era 05h:12m, e falou para João: - Vamos dormir, que hoje tenho uma cliente para fazer as unhas dela, só que casa dela é muito longe, você pode me acompanhar até a casa, e João respondeu que sim. Então às 10h:00m Vilma acordou e se arrumou, mas na hora de chamar o João ela não teve surpresa, ele estava segurando o saco com a mão e com um sorriso na cara. Vilma gritava, mas João não acordava de jeito nenhum, então Vilma foi sozinha para casa de sua cliente.
Chegando na casa de sua cliente, Vilma pediu desculpas pelo seu atraso, sua cliente não ligou, mas estava muito nervosa. Vilma perguntou que cor ela queria pintar as unhas, e a madame disse: - Você que sabe.
Vilma viu que ela não estava muito bem, e perguntou: - Você esta de chico? A madame respondeu: - Não é isso, é que eu estou nervosa com o prejuízo que eu tive essa madrugada, porque eu sou mulher da vida. Vilma nem ligou, pois não era de sua conta o que ela fazia.
Mas a madame não parava quieta, então Vilma para acabar com aquela putaria, pergunto o que tinha acontecido. A madame começou a falar: - Eu tive um prejuízo com um malandro que tem um nariz desproporcional ao corpo, narigudo viado, fizemos tudo o que ele tinha direito, mas na hora que eu disse o preço, ele saiu correndo pelado, mas eu fiquei com a carteira dele, e na hora em que eu abri a carteira só tinha 80 centavos. Vilma perguntou: - Quanto você cobra? A madame respondeu: - Só mil reais. Vilma quando escutou o preço até derrubou o esmalte no chão.
Passado o tempo Vilma terminou o seu trabalho, e quando ia embora a madame falou para Vilma: - Você volta à semana que vem? Vilma falou que não podia, mas que a madame podia ir a sua casa para fazer as unhas, e deu seu endereço. A madame disse que iria sem falta.
Vilma chegando em casa viu que João ainda estava dormindo, ela catou um balde de água fria e jogou em cima dele e disse carinhosamente :- acorda vagabundo, por que não vai procurar um emprego seu narigudo. E João respondeu: - Mas ninguém da emprego pra quem já esteve na cadeia. E Vilma assustada falou: - Você já esteve preso? João disse: - Eu nunca. E Vilma falou:- E então? E João com uma cara de pau disse: - Mas eles não sabem. Naquela hora Vilma começou a dar risada e não sabia o que fazer. Passou a semana, João e Vilma estavam vivendo bem com muitos elogios bonitos, exemplos: Vem cá minha cachorrona gostosa. Vai trabalhar seu vagabundo.
Então bateram na porta, adivinha quem chegou? “A madame”, João na hora que viu a madame saiu correndo, e se escondeu no banheiro. Vilma começou a procurar João, para apresentar a madame, e viu que João estava trancado no banheiro. Ela pediu para João saísse do banheiro, para conhecer uma amiga dela, mas de repente elas escutaram uns gritos de socorro.
Elas viram que vinham do banheiro os gritos e arrombaram a porta, João estava entalado na janela, porque estava tentando fugir. A madame na hora que viu João foi logo falando: - Foi esse ai o narigudo viado que usou o meu serviço e não pagou. Vilma assustada falou: - Esse é o cara “peladão”? a madame respondeu: - É esse sim.
Vilma ficou triste por João ter mentido para ela, e sem nenhuma piedade colocou ele fora de casa. João saiu pro rumo, ele não tinha nada, mas prometeu arrumar um emprego para pagar a madame.

Conclusão:
Primeira, a mentira tem perna curta. Segunda quem mente tem o nariz grande, no caso de João é a segunda opção.
Vocês acham que Vilma ficou sozinha? Que nada, depois de ter queimado as Playboy de João, ela descobriu sem nenhum preconceito, ela podia amar a fruta que João gostava, que no caso era a madame.
Fim? Não, porque essa história não tem fim, você poderá continuar ela. Porque você poderá ser uma Vilma, um João ou uma madame na vida...
Argumento de Bruno Caldonazzo articulado por Vandenilza Caldonazzo

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